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24 de janeiro de 2019

Nietzsche em HQ

A narrativa conta a vida do pensador alemão Friedrich Nietzsche em hq, bem como ela nos permite ingressar em um novo mundo e construir uma nova forma de pensar sobre o pensamento ocidental.

Além disso, a linguagem do cartum em sua beleza nos seduz a compreender alguns dos seus aforismos, e a compreender um pouco de sua doutrina, ou seja, da sua filosofia.

No que diz respeito a sua filosofia, Mondin destaca que sua filosofia

“[...] é uma reação tardia contra o idealismo de Hegel e o pessimismo de Schopenhauer. Contra o idealismo do primeiro, coloca ele a natureza íntima do homem não na razão, mas na vontade. Contra o pessimismo do segundo, afirma que o homem não deve procurar aniquilamento pessoal, mas a máxima afirmação de si mesmo contra qualquer obstáculo, repressão ou coação, e plena realização de todos os valores dos quais a natureza humana é capaz” (MONDIN, 1987, p. 75).

Quanto ao desenvolvimento de seu pensamento, Mondim (1987) salienta que “o seu pensamento se resolve numa violenta e implacável reação contra a religião em geral e contra o cristianismo em particular” (p. 75).

Um outro detalhe da sua filosofia é o conceito do Übermensch, ou super-homem, ou homem superior. Nietzsche define o Übermensch como sendo um indivíduo soberano, autêntico, livre da moral, dos costumes e dos valores sociais de uma época, e que cria os seus próprios valores. Em suma para ele, o Übermensch, é o indivíduo de enorme força e independência.

No que diz respeito às suas obras-chave, podemos considerar:

1872: O nascimento da tragédia;
1878: Humano, demasiadamente humano;
1882: A gaia ciência;
1885: Para além do bem e do mal;
1887: Genealogia da Moral;
1888: Crepúsculo dos ídolos;
1891: Assim falou Zaratustra;
1895: Anticristo.

Nessas obras, o filósofo alemão tratava sobre os diversos assuntos como: ética; moral; religião; metafísica; epistemologia; morte de Deus; vontade de poder e eterno retorno.

E, devido as suas obras, o pensamento nietzschiano sobrevive até hoje, penetrando todos os campos da literatura, da poesia e da arte. Além disso, Nietzsche continua sendo considerado um dos filósofos misteriosos e controversos do pensamento Ocidental.

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Excerto do Livro – Assim Falava Zaratustra

Do Amor ao Próximo

“Vós outros andais muito solícitos em redor do próximo, e o manifestais com belas palavras. Mas eu vos digo: o vosso amor ao próximo é vosso amor a vós mesmos.

Fugis de vós em busca do próximo, e quereis converter isso numa virtude; mas eu compreendo o vosso “desinteresse”.

O Tu é mais velho do que o Eu; o Tu acha-se santificado, mas o Eu ainda não. Por isso o homem anda diligente atrás do próximo.

Acaso vos aconselho o amor ao próximo? Antes vos aconselho a fuga do “próximo” e o amor ao remoto!

Mais elevado que o amor ao próximo é o amor ao longínquo, ao que está por vir, mais alto ainda que o amor ao homem coloco o amor às coisas e aos fantasmas.

Esse fantasma que corre diante de vós, meus irmãos, é mais belo que vós. Por que lhe não dás a vossa carne e os vossos ossos? Mas tende-lhes medo e fugis à procura do vosso próximo.

Não vos suportais a vós mesmos e não vos quereis bastante; desejarei seduzir o próximo por vosso amor e dourar-vos com a sua ilusão.

Quisera que todos esses próximos e seus vizinhos se vos tornassem insuportáveis; assim teríeis que criar para vós mesmos o vosso amigo e o seu coração fervoroso.

Chamais uma testemunha quando quereis falar bem de vós, e logo que a haveis induzido a pensar bem da vossa pessoa, vós mesmos pensais bem da vossa pessoa.

Não só mente o que fala contra a sua consciência, mas sobretudo o que fala com a sua inconsciência. E assim falais de vós no trato social, enganando o vizinho.

Fala o louco: “O trato com os homens exaspera o caráter, princi­palmente quando o não temos.”

Um vai após o próximo porque se procura; o outro porque se qui­sera esquecer.

A vossa malquerença com respeito a vós mesmos converte a vossa soledade num cativeiro.

Os mais afastados são os que pagam o nosso amor ao próximo, e quando vós juntais cinco, deve morrer um sexto.

Também não me agradam as vossas festas; encontrei nelas dema­siados cómicos e os mesmos espectadores se conduzem frequentemente como cómicos.

Não falo do próximo; falo só do amigo. Seja o amigo para vós a festa da terra e um pressentimento do Super-homem.

Falo-vos do amigo e do seu coração exuberante. Mas é preci­so saber ser uma esponja quando se quer ser amado por corações exuberantes.

Falo-vos do amigo que leva em si um mundo disponível, um invólu­cro do bem – do amigo criador que tem sempre um mundo disponível para dar.

E como se desenvolveu o mundo para ele, assim se envolve de novo: tal é o advento do bem pelo mal, do desígnio pelo acaso.

Sejam o porvir e o mais remoto a causa do vosso hoje; no vosso amigo deveis amar o Super-homem, como razão de ser.

Meus irmãos, eu não vos aconselho o amor ao próximo; aconselho-vos o amor ao mais afastado.

Assim falava Zaratustra.” (NIETZSCHE, 2016, pp. 71-72)

Uma ideia do seu pensamento


Referências bibliográficas

BUCKINGHAM, Will et al. (Colab.). O livro da filosofia. Tradução: Douglas Kim. São Paulo: Globo, 2011.
FERNANDES, Nathan. 4 reflexões que vão te introduzir ao pensamento de Nietzsche. Revista Galileu, 2016. Disponivel em: . Acesso em: 24 Janeiro 2019.
FRAZÃO, D. Friedrich Nietzsche. Ebiografia, 2017. Disponivel em: . Acesso em: 23 Janeiro 2019.
JAPIASSÚ, Hilton; MARCONDES, Danilo. Dicionário básico de filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1996.
LE ROY, Maximilien; MICHEL, Onfray. Nietzsche em HQ. Rio de Janeiro: Singular, 2012.
MONDIN, Battista. Curso de filosofia: os filósofos do Ocidente. Tradução: Benôni Lemos. São Paulo: Paulinas, 1987. v. 3.
NIETZSCHE, Friedrich. Assim falava Zaratustra: livro para toda a gente e para ninguém. Tradução: José Mendes de Souza. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2016.
NIETZSCHE, Friedrich. Genealogia da moral: uma polêmica. Tradução: César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
STOKES, Philip. Os 100 pensadores essenciais da filosofia: dos pré-socráticos aos novos cientistas. Rio de Janeiro: DIFEL, 2013.