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12 de novembro de 2009

Cidade eterna

Com mais de 2700 anos e como cidade antiga, Roma é um cidade bela, rica em termos cultural e histórico, os quais são incalculáveis. Além do mais, foi a capital do império mais famoso e poderoso que já se teve na história da humanidade. E também foi e continua sendo um dos maiores centros culturais do mundo. Intitulada como “cidade eterna”, apreciemos o slide que segue abaixo.


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6 de novembro de 2009

João

Por Marco Aurélio Pinheiro Maida
Molécula do DNA

No início era o DNA.

E o DNA estava com Deus.

E o DNA era Deus.

Nada foi feito sem o DNA e tudo retornará ao DNA...

- João, você pode me explicar, por que você tirou os tomates da sua marmita de novo? Você sabe que tem que comer essas coisas senão fica fraco, homem! Vou por aqui de novo. E vê se come, hein! Olha a hora Wesley, você sabe que o portão fecha quando bate o sinal. E analfabeto nesta casa já basta o seu pai!

E João não pôde continuar a pensar. Teve que sair para o trabalho.

No caminho para a estação João sentiu novamente aquela sensação estranha, inexplicável, mais forte do que ele, algo que o obrigou a parar imediatamente e tirar a marmita da bolsa.

Quando viu as fatias de tomate no meio da comida começou a chorar.

- Por quê?

- Por que te fazem em pedaços para ser comido?

- Confundem a sua identidade e mesmo assim continuas impassível.

- Por quê?

- Por que não és colocado na fruteira para embelezar a cozinha, colocado nos altares como oferenda aos deuses, citado nas páginas dos poetas ou nos escritos dos místicos?

E João chorou sobre os tomates!

A multidão é impiedosa quando se trata do horário da condução.

Assim João foi conduzido para dentro da condução que o levaria ao trabalho.

Lá dentro João voltou a sentir aquela sensação estranha.

Naquele aperto, com gente para todo lado, muito calor, o movimento da condução, parecia até que ele estava em uma..., em uma..., caixa de tomates!

João desmaiou..., na verdade não foi bem um desmaio, mas um transe, um arrebatamento místico.

E João viu-se em si!

João estava passeando nas hastes de seu código genético, olhando a sequencia das proteínas que constituem a sua essência.

João continuou olhando e viu um como um DNA de fogo que lhe falou com voz forte semelhante a um trovão:

- João, olha tudo que te mostro agora, e que vou mostrar-te posteriormente, e dá um jeito de passar isto adiante.

- Olha esta sequencia de DNA.

- Viu?

- Então, viu bem?

- Pois é, ela está sendo alterada por um grupo de cientistas que pretendem fazer um grupo de seres humanos híbridos com o DNA do tomate.

- Serão pessoas que não se incomodarão em ficar dentro de lugares apertados como tomates em uma caixa de madeira, que não se importarão se forem esmagados e tornarem-se uma coisa só como molho de macarrão.

- Agora tá na tua mão negão! Se vira para tentar fazer alguma coisa para que esta história não vá para frente.

João estava tremendo dos pés à cabeça, não sabia se falava, se calava, se concordava, ou se dava risada e esperava aquele transe acabar.

João falou:

- Ô seu DNA, eu não sei se eu entendi direito o que o Sr, está querendo, mas olha, eu sou só um operário, pai de família e analfabeto; como é que eu vou chegar nestes cientistas e mandar eles pararem este negócio aí?!

- Olha, não vai dar certo não tá. Deixa-me ir para o meu serviço senão eu perco o dia.

- Muito bom te conhecer, um bom dia, abraço forte, tchau!

- Péra aí mano! Falou com voz forte aquele que lhe atribuíra tal tarefa.

- Eu quando boto a mão em alguma coisa é para virar ouro, tá me entendendo! Por isso trata de arrumar um jeito de levar para frente o que eu te pedi. Não quero saber de ninguém mijando para traz não, falo! Vai que eu te dou uma força...!

De repente, João acordou. E ao abrir os olhos viu-se em um lugar escuro. O único foco de luz estava muito distante.

- Por que padeço tal realidade? Deixa-me tranquilo.

- Façam o que quiserem com o mundo, com as pessoas, contanto que eu tenha o meu dinheiro no fim do mês e que a minha mulher não me coloque um chifre tá tudo bem.

- Quem disse que eu tenho que ser responsável por alguém, se por mim não há ninguém.

Ainda no escuro, olhando para aquele ponto de luz distante, disse João.

- Por que o escuro sempre foi identificado com a morte?

- Este silêncio. O não ver que me faz ver quem eu sou, o que quero ser, o que me obrigam a ser...!

- Aqueles cientistas querem me obrigar a ser meio homem meio tomate, para poder me manipular. E aquele DNA está querendo que eu seja o salvador do mundo, também está querendo me manipular!

- Será que alguém consegue ser aquilo que quer ou sempre tem alguém nos obrigando a ser aquilo que não queremos?

E João começou a andar rumo àquela luz.

Antes de alcançar a luz, ainda na penumbra, João encontrou um vulto. Era uma figura de aparência estranha. João não conseguia distinguir bem o que era, ou melhor quem era, ou ainda quem poderia tornar-se.

Porém o fato de João não conseguir distinguir quem era (ou o que era) e o que significava aquele vulto que não existia, pelo contrário, existia de um modo incompreensível para João.

João decidiu tentar se comunicar.

- O que é você, ou melhor, quem é você?

Respondeu o vulto.

- O que você vê? O que lhe parece? Como você vê?

- Péra aí, você tá confundindo a minha cabeça. Ou você fala logo quem você é ou eu vou embora, porque eu já estou atrasado para o meu trabalho e tenho que encontrar a saída deste lugar.

- Eu não sei quem eu sou!

- Sempre alguém me disse quem eu era e por isso eu nunca me preocupei em saber.

- Para você quem eu sou?

- Vixê, essa prosa não vai sair disso. Pensou o nosso João e respondeu ao vulto.

- Bão, se você não sabe quem é você, muito menos eu vou sabê. Por isso, um forte abraço e tchau!

E João continuou o seu caminho rumo à luz.

Um pouco mais perto de alcançar a luz João encontrou outro..., outra..., bom João viu algo na sua frente.

Era como um ser humano, porém tinha vários rostos, o seu corpo era como o de um camaleão, em cima de sua cabeça com vários rostos, esse ser usava um chapéu parecido com aquele usado pela Carmem Miranda.

João pensou em passar adiante, não queria muita conversa, pois estava atrasado para o trabalho e não queria mais problema com esses bichos estranhos. Mas não teve como. O ser pulou em sua frente e disse.

- Oi, quem você quer que eu seja? Você tem o privilégio de me construir. Você me quer feliz, pronto. 

E o ser mudava o seu rosto a fim de adequá-lo à vontade do seu interlocutor. Você me quer intelectual, pronto; ah, já sei, você me quer sexy, pronto. E o ser não parava mudar a fim de agradar o seu interlocutor.

João perguntou.

- Quem é você afinal?

A esta pergunta o ser ficou furioso e ao mesmo tempo confuso.

Começou a gritar como se estivesse fervendo por dentro, e correu para a escuridão.

- Tá loco meu, é cada bicho estranho...! Exclamou o nosso João.

Enfim, João alcançou a luz...!

Não via nada senão a luminosidade que o cegava. Era impossível permanecer naquele lugar. João estava ficando atordoado, com medo, um tremor começou a tomar conta do seu corpo inteiro, era impossível de manter os olhos abertos.

João teve que retornar para a escuridão!

Ao virar o corpo rumo a escuridão viu novamente aquele como que um DNA de fogo que disse:

- E aí João, como é que é? Tá afim de me ajudar ou vai sair com o rabo no meio das pernas como você sempre fez em toda a sua vida?

- Você consegue imaginar o seu filho te olhando como um super herói, os jornais indo até a sua casa para te entrevistar, a sua mulher orgulhosa de você e nem vai lembrar mais que você é analfabeto. O seu patrão vai te promover de cargo, você vai ser condecorado com o prêmio de cidadão do ano..., e aí tá afim ou não?

João soltou um grito e começou a correr de encontro à luz.

Quando João abriu os olhos no meio da luz ficou aterrorizado com o que viu.

João começou a derreter como queijo na chapa.

O DNA ainda tentou puxá-lo para fora, mas não teve jeito.

O nosso João derreteu-se.

Ficou parecido com..., com..., um molho de tomate.

E tudo isso aconteceu para que todos saibam que saber é melhor do que saber o que sabem sobre você!